A Livraria das Obras Inéditas


Bartebly.
03/29/2009, 9:58 pm
Filed under: Folhetim

você acorda, programa uma boa alimentação para o dia, faz massagem nos caracóis, pinta as unhas de vermelho, escolhe o melhor vestuário – com catapora e rodado feito um abajur. – É sim como se vestisse para um ritual porque descobriu a importância de  deixar-se mitificar nas mínimas coisas. já de noite, pintar a pele é super importante. não se deve economizar nos olhos de egípcia à la Elizabeth Taylor e procura sair cedo para passar naquele bar escuro onde, no seu balcão preferido, doses refrescantes de vodka te purificam de qualquer expectativa. como quem não quer nada, um Zé ninguém aparece. se diz um forasteiro. Você então lhe oferece uma fala contraditória em retribuição por ele transportá-la a um trailer country…

madrugada.

um relógio digital avisa que você perdeu aquele show e já está em casa. tem sede. tem vontade de fazer xixi. O interruptor não está no mesmo lugar de sempre. Ops. você não está na sua casa. aproveita a luz do banheiro para catar sua roupa espalhada no quarto mal iluminado. confere o estranho: nem bonito nem feio. normal. acha melhor sair à francesa já que o pouco que se lembra era que conversaram sobre música francesa. uma padaria abre as portas. o café lhe lembra o quão sombria foram suas últimas horas. você tira o caderninho da bolsa, pensa num poema sobre seqüestro e roubo de pérolas. as palavras iniciais fogem. a cabeça dói.

melhor não.

cata as moedas, paga o café. afunda no travesseiro. mancha de rímel a fronha. não vai trabalhar pelo segundo dia. não dá satisfação.

 


1 Comentário so far
Deixe um comentário

Daniela,
Sua maneira de escrever é surpriendente, pois leva o leitor até a cena que esta sendo vivida pelo personagem, e isso traz algo de especial a história.
Algo que sempre irá deixar o gostinho de quero mais, de o que o personagem estará fazendo nesse momento.
Parabéns.

Comentar por Ana




Deixe um comentário